Os impactos dos planos de desenvolvimento sobre o meio ambiente no período da ditadura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26767/coloquio.v19i4,%20out./dez..2658

Palavras-chave:

Políticas Públicas de Desenvolvimento; Nacional-Desenvolvimentismo; Políticas Públicas Ambientais; Meio Ambiente; Brasil.

Resumo

Até o fim da ditadura civil-militar em 1985, o Governo Federal preconizava o crescimento econômico por meio dessas iniciativas, em detrimento da proteção do meio ambiente, apesar de reconhecer a relevância da pauta e atribuir a maior parte da responsabilidade às nações do Norte global. Contudo, neste mesmo recorte temporal, o Estado brasileiro instituiu pontuais políticas ambientais em atendimento a reivindicações da sociedade civil e sucumbindo às pressões do plano internacional. Diante destes fatos, este artigo se propõe a compreender o paradoxo entre os projetos para o desenvolvimento nacional e as ações estatais direcionadas à proteção do equilíbrio ecológico, buscando conhecer os fatores que impulsionaram os confluentes fenômenos. No que tange ao procedimento metodológico, foram consultados livros e artigos científicos referentes aos temas tratados, desde o advento da causa ambiental até a análise das políticas mais significativas em cada período. Percebeu-se que, os governos enfatizaram o crescimento econômico, em sobreposição ao necessário desenvolvimento socioeconômico devido à explosão demográfica no decorrer do século XX. Houve, consequentemente, a modernização do país com ampla geração de desigualdades e manutenção das estruturas sociais — quadro agravado com a enorme dívida externa. Já em relação ao meio ambiente, os impactos negativos foram consideráveis, mesmo com as pressões internas e no âmbito das relações internacionais. Foram consequências do nacional-desenvolvimentismo: perdas na fauna e na flora, mudanças climáticas, alterações no solo e poluição atmosférica. Enquanto ganhos, pode-se mencionar algumas obras de infraestrutura e parques nacionais, os quais conservam a biodiversidade do país e propiciam qualidade de vida.

Biografia do Autor

Derliz Hong Hung Moren, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

Mestrando em Políticas Públicas e Desenvolvimento (UNILA). Bolsista da CAPES.

Gilson Batista de Oliveira, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

Doutorado em Desenvolvimento Econômico (UFPR). Professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento da UNILA.

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2022-11-08 — Atualizado em 2022-11-08

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