Quão sofisticado é o agronegócio brasileiro? Uma análise exploratória baseada em produtividade e complexidade

Abstract

O crescimento significativo do agronegócio brasileiro nos últimos tempos contribuiu para disseminar uma percepção coletiva de que o Brasil produz com altos níveis de eficiência e possui vantagem competitiva em uma ampla gama de produtos sofisticados. Mas essa imagem representa com precisão o agronegócio brasileiro no contexto internacional? Para responder a essa pergunta e analisar as fontes das diferenças de produtividade agrícola entre países, adotamos a abordagem da complexidade econômica. Os resultados indicaram que, apesar de toda a escala, a complexidade dos produtos do agronegócio brasileiro está em um estágio intermediário, distante dos países com maior valor agregado por trabalhador na agricultura. Além disso, conforme sugerido pela teoria, encontramos uma associação positiva entre a produtividade do trabalho na agricultura e a complexidade do agronegócio até o ano de 2012, quando o sinal se inverte — possivelmente devido à maior importância dos fluxos agrícolas sul-sul e aos movimentos protecionistas no período pós-crise internacional. Em conclusão, embora o agro brasileiro possa ser classificado como popular, não parece apropriado defini-lo como de alta tecnologia, especialmente se a referência for a produtividade do trabalho e a complexidade dos produtos dos países líderes. A construção da complexidade no agronegócio vai além dos limites das políticas tradicionais de desenvolvimento agrícola. Políticas industriais voltadas para a construção da complexidade precisam ser abrangentes o suficiente para identificar produtos-chave e as capacidades fundamentais para seu desempenho bem-sucedido no mercado. Isso se aplica tanto a produtos e setores industriais quanto ao agronegócio.