(A falta de) financiamento de crédito rural: reflexões a partir do PRONAF linhas “verdes”

Autores

  • Juliano Luiz Fossá Faculdade Empresarial de Chapecó https://orcid.org/0000-0002-9658-4850
  • Arisa Araujo da Luz Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
  • Arlene Anélia Renk Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ) https://orcid.org/0000-0002-3524-0739
  • Ana Paula Schervinski Villwock Universidade Federal de Sergipe (UFS)
  • Alessandra Matte Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR)

DOI:

https://doi.org/10.26767/coloquio.v20i2,%20abr./jun..2465

Palavras-chave:

Agricultura familiar; Políticas Públicas; Financiamento.

Resumo

O objetivo deste estudo é analisar o acesso às linhas de financiamento “verde” do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). A pesquisa tem abordagem quanti-qualitativa, uma vez que foi realizada uma pesquisa bibliográfica e, posteriormente, foram consultados os dados do acesso ao crédito rural junto à plataforma Matriz de Dados do Crédito Rural do Banco Central do Brasil (BACEN). A análise contemplou as principais variáveis (número de contratos, acesso, valor médio e cobertura geográfica). Os valores financeiros foram deflacionados a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A análise dos resultados compreendeu o uso de cálculos da estatística descritiva, de modo que as informações qualitativas, obtidas por meio de pesquisa bibliográfica, deram suporte à discussão dos principais resultados. Os resultados demonstram que entre 2015 e 2021 as linhas “verdes” do PRONAF foram acessadas de forma restritiva em número de contratos, volume de recursos e cobertura geográfica entre os estados brasileiros. Sendo assim, conclui-se que os principais motivos relacionados a essa restrição são a pouca disponibilidade dos sistemas bancários a desenvolver essa linha do PRONAF, a readequação dos requisitos e normas de acesso para que as famílias que atuam na produção de alimentos possam ser inseridas no sistema de crédito rural via as linhas “verdes”, a não garantia de mecanismos para que esse crédito chegue ao seu público-alvo pela sociedade civil organizada e, por fim, os gestores públicos que até aqui não conseguiram pautar e efetivar a importância do financiamento das linhas “verdes” do PRONAF enquanto ação estratégica do desenvolvimento rural brasileiro.

Biografia do Autor

Juliano Luiz Fossá, Faculdade Empresarial de Chapecó

Doutor em Administração (UFSC). Professor na Faculdade Empresarial de Chapecó.

Arisa Araujo da Luz, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)

Doutora em Educação (UNISINOS). Professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). 

Arlene Anélia Renk, Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ)

Doutorado em Antropologia Social (UFRJ). Professora da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó).

Ana Paula Schervinski Villwock, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Doutorado em Extensão Rural (UFSM). Professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Alessandra Matte, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR)

Doutorado em Desenvolvimento Rural (UFRGS). Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

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Publicado

2023-05-31

Edição

Seção

Artigos