Desenvolvimento humano e bem-estar no meio rural como superação da vulnerabilidade: o caso de Arroio do Tigre/RS

Autores

  • Tanise Dias Freitas Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Anelise Graciele Rambo Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Sérgio Schneider Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.26767/149

Resumo

Este trabalho tem como tema o desenvolvimento humano e a diversificação dos meios de vida, conceitos esses entendidos como sinônimo de melhoria de vida e superação das vulnerabilidades, dando destaque para a necessidade de estudos sobre bem-estar no meio rural. A importância deste estudo está em analisar a cultura do tabaco como processo que torna os indivíduos dependentes e de uma cadeia produtiva que, mesmo trazendo ganhos produtivos e econômicos, não reflete esses ganhos em bem-estar e desenvolvimento humano e rural. Teoricamente, buscou-se compreender a abordagem das capacitações, de Amartya Sen, e a dos livelihoods, de Frank Ellis, como perspectivas que permitem entender o desenvolvimento para além do aspecto financeiro, levando em consideração o bem-estar no meio rural. Metodologicamente, foram elaborados dois índices que retrataram os meios de vida (IMV) e as condições de vida (ICV), permitindo, assim, um primeiro diagnóstico sobre cinco dimensões, a saber: econômica, social, humana, ambiental e física. A pesquisa deu-se no município de Arroio do Tigre (RS), em duas etapas: a primeira, por um estudo tipo survey, com 38 famílias, e a segunda com entrevistas semiestruturadas, com 15 famílias, a fim de entender melhor o que torna (ou não) estas famílias fumicultoras dependentes e vulneráveis. Os primeiros resultados demonstraram que aqueles produtores mais dependentes da cadeia produtiva do tabaco eram mais vulneráveis e, portanto, tinham um índice de meios e condições de vida pior que produtores diversificados. Ainda, estes resultados permitiram identificar quais dimensões são mais ou menos afetadas pela dependência da cadeia do tabaco.

Biografia do Autor

Tanise Dias Freitas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutoranda em Sociologia pela UFRGS, Mestre e Bacharel em Ciências Sociais pela UFSM. Atua nas áreas de Desenvolvimento Humano, Qualidade de Vida, Desenvolvimento Rural.

Anelise Graciele Rambo, Universidade Federal da Fronteira Sul

Doutora em Desenvolvimento Rural. Professora da Universidade Federal da Fronteira Sul

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