O desenvolvimento mais sustentável da região amazônica: entre (muitas) controvérsias e o caminho possível
DOI:
https://doi.org/10.26767/1804Resumen
A Amazônia sempre despertou grande interesse da humanidade. Nas últimas décadas esse interesse aumentou substancialmente em virtude de crescentes preocupações com a sustentabilidade ambiental e os riscos impostos pelas mudanças climáticas. Esse contexto, juntamente com o baixo nível socioeconômico da população amazônica, o reduzido aproveitamento do potencial produtivo local e a intensa depredação do meio ambiente requer a definição urgente de um caminho possível de desenvolvimento mais sustentável para a região. O artigo busca contribuir com esse desafio. Nesse sentido, procura extrair lições de propostas potenciais que têm sido apresentadas para atingir o desmatamento zero e melhorar as condições de vida da população regional, por exemplo, “floresta em pé”, extrativismo vegetal, bioeconomia e a riqueza da biodiversidade. Além disso, considera as diferentes realidades existentes na região, as políticas e marcos regulatórios em vigor, o estoque tecnológico disponível, a disponibilidade de assistência técnica, as experiências de desenvolvimento, e a heterogeneidade estrutural, socioeconômica e produtiva dos estabelecimentos rurais. Argumenta-se que a dimensão e a pobreza da região, a heterogeneidade do bioma, a especificidade de cada Estado com sua história, economia, aspectos sociais e políticos recomendam tratamento diferenciado. Ademais, advoga-se que o aumento sustentável da produtividade agrícola, a domesticação dos recursos da biodiversidade, o nivelamento tecnológico, a expansão da piscicultura, a aceleração da transição florestal e o aumento da presença do Estado na região amazônica para coibir os ilícitos deveriam ser parte da estratégia a seguir.Citas
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