Os polos de Carajás e Juriti na Amazônia oriental: desenvolvimento regional ou industrialização?

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DOI:

https://doi.org/10.26767/2117

Resumo

Este estudo tem como objetivo analisar as ações do Estado brasileiro no processo de desenvolvimento econômico da Amazônia e a implantação dos polos de Carajás e Juruti, verificando se esses projetos induziram a industrialização ou o desenvolvimento regional na Amazônia Oriental. Os resultados revelam que o Estado permeado e constituído por classes dominantes, fortalecido pela dinâmica capitalista, foi o principal indutor para a ocupação da Região Amazônica. Os favorecimentos promovidos pelo Estado para obtenção de recursos através de novas infraestruturas e incentivos funcionaram como suporte para um desenvolvimento pautado na racionalidade econômica tendo como base a indústria, deixando de lado as questões de sustentabilidade socioambiental, os interesses das populações locais, às relações sociais e da cultura já existente. A subserviência aos interesses do capital internacional, com a ajuda do Estado, fez da Região Amazônica um alvo da perversidade do capital. A implantação dos grandes projetos de mineração trouxe poucas possibilidades de incremento à economia local e também sérios prejuízos às comunidades locais e ao meio ambiente. Entretanto, existem (poucas) iniciativas para tentar promover mudanças, na busca de um desenvolvimento voltado para a sustentabilidade.

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Publicado

2021-07-04

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