COMUNIDADES ONLINE, APOIO SOCIAL E TRANSVERSALIDADE DE SABERES E PRÁTICAS DE SAÚDE
Resumo
Cresce cada vez mais o contingente de indivíduos que acessam a internet em busca de informações sobre saúde, individual ou de terceiros. Através de mídias sociais, indivíduos compartilham opiniões e experiências livremente, podendo contribuir para cuidado médico e de saúde. Este artigo apresenta estudo conduzido no âmbito da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo-USP. A comunidade online selecionada reunia à ocasião (2018) cerca de 5.000 membros de todo o Brasil e foi escolhida por sua representatividade. Após a netnografia para observar a dinâmica de interação da comunidade selecionada, os participantes foram selecionados para enviar um convite para participar do estudo. Os membros foram selecionados com base em seu comportamento no grupo, levando em consideração dois critérios: (1) explicitação, em seu comentário ou publicação, da condição de mãe ou pai de uma criança nascida com fissura labiopalatina; e (2) inclusão, em seu comentário ou publicação, de informações, dúvidas ou reflexões relacionadas ao cuidado e tratamento de uma criança nascida com fissura labiopalatina. A etnografia realizada demostrou que a comunidade online em questão tem se mostrado um espaço ao qual os familiares de crianças com diagnóstico de fissura labiopalatina, principalmente as mães, recorrem não apenas aos momentos em que encontram algum problema ou dificuldade, mas também para busca de informações com outros parentes e indivíduos nascidos com fissuras. Conclui-se que o meio digital confere uma hierarquia particular aos grupos que nele atuam, também distinta do meio físico e baseada em critérios que, muitas vezes, não estão relacionados a símbolos tradicionais de autoridade ou status, como poder econômico ou padrões estéticos.
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