O ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS: A INCLUSÃO NA GRADUAÇÃO

Autores

  • Maureen Koch
  • Danúbia Chaves Fernandes Mittelstaedt
  • Marcelo Marques Soares

Resumo

Com a expansão do ensino superior, as Instituições têm a necessidade de, cada vez mais, direcionar esforços para a educação inclusiva. Um dos maiores desafios é possibilitar não apenas o ingresso, mas a permanência com qualidade a todos. Na área da saúde, tem-se a Anatomia como uma disciplina básica, cujo processo de ensino-aprendizagem é complexo, em virtude da grande quantidade de conteúdos e a necessidade de estudo prático. Com o objetivo de analisar os desafios envolvidos no processo de ensino aprendizagem de acadêmicos com deficiências, que cursaram as disciplinas de anatomia no ano de 2017, em uma universidade do Rio Grande do Sul/RS, o estudo propõe a reflexão acerca das possíveis metodologias utilizadas para propiciar a inclusão em âmbito acadêmico. Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo estudo de caso, realizado em um Laboratório de Anatomia Humana de uma universidade. A universidade em questão possui um programa de inclusão apoiado pelo Núcleo de Acessibilidade e Permanência – NUAP, que busca articular ações que potencializem o processo de aprendizagem. O estudo utilizou amostra não probabilística, por conveniência, sendo que os atores envolvidos no processo investigatório foram: 3 (três) professores de alunos com deficiências, 3 (três) técnicos, 6 (seis) monitores de anatomia e 3 (três) alunos com deficiências – 2 (dois) com deficiências visuais e 1(um) com auditiva. Com o intuito de apresentar as experiências no Laboratório, utilizou-se anotações em diário de campo através de observação direta e resultantes de entrevistas sobre o tema. No que se refere aos resultados do estudo, frente aos desafios e vivências, uma das alternativas elaboradas para que aluno pudesse visualizar as estruturas através de suas possibilidades foi a confecção de peças alternativas pelos monitores. Outra medida foi a criação de um protocolo para os professores, a fim de que encaminhassem o material do semestre, com antecedência, para leitura prévia e familiarização do intérprete – que não era da área da saúde - e para transcrição em braille pelo NUAP. Nesse contexto, houve a necessidade de fala mais pausada do professor durante a aula, para melhor entendimento do intérprete e do aluno. O fato de uma monitora possuir formação em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) foi de extrema importância para a comunicação adequada no estudo extraclasse. Ressalta-se a assistência prestada pelos demais colegas e técnicos aos alunos com deficiências visuais, em relação aos deslocamentos, necessária apenas inicialmente. Os técnicos destacam o estabelecimento de vínculos relativos ao ambiente e à equipe, por parte dos alunos com deficiências, parecendo encontrar no setor um “porto seguro”, o que muitas vezes pode representar um obstáculo para a inclusão plena. Embora o Laboratório possua amplo acervo, as peças alternativas foram fundamentais para facilitar o aprendizado. Constata-se que a adaptação às demandas dos alunos com deficiências ocorreu por parte de todos no contexto pesquisado, em busca de um olhar inclusivo e respeitando a diversidade. Os resultados vêm ao encontro do propósito da Universidade: buscar a equidade de condições de acesso e permanência do aluno, compreendendo ser essa a forma mais adequada de efetivar a inclusão.

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Publicado

2018-11-13