O valor de frutas, legumes e verduras comercializadas em feiras livres e sua interface com a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)

Autores

  • Camila Irigonhé Ramos
  • Evander Eloi Krone
  • Renata Menasche

DOI:

https://doi.org/10.26767/1898

Resumo

O presente estudo objetivou promover a reflexão sobre a valoração dos alimentos que os feirantes produzem e/ou comercializam, e, além disso, como este processo relaciona-se com a segurança alimentar e nutricional de todos os atores envolvidos no sistema alimentar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com inspiração etnográfica. Na coleta dos dados realizou-se entrevistas em profundidade e observação participante em feiras orgânicas e convencionais, além de locais de produção de orgânicos, durante os anos de 2013 e 2014 no município de Pelotas/RS e região. Como principais resultados obteve-se que existem nas feiras aqueles que são apenas produtores, os que produzem e revendem e os revendedores, este fato influencia na relação que o feirante tem com o alimento que comercializa e com o seu freguês. Os feirantes orgânicos são apenas produtores e demonstraram cuidado com o alimento e com as pessoas que buscam o seu produto, diferentemente dos feirantes convencionais que tratam o alimento como mercadoria. Para os feirantes ecológicos seus fregueses buscam este alimento porque se preocupam com a sua saúde e com o meio ambiente, percepção distinta dos feirantes convencionais que tem um padrão de alimentos que são comercializados, e que apontam que as pessoas buscam o alimento pela estética e não pela saudabilidade. É preciso relativizar os fatores que podem estar imbricados no valor agregado aos alimentos comercializados nas feiras, assim como na produção e na escolha de alimentos que são socialmente e culturalmente concebidos como saudáveis e que promovem a saúde e a segurança alimentar e nutricional.

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Publicado

2020-12-30

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Artigos