“A INTERNET ARRUINOU MINHA VIDA”: CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE NAS REDES SOCIAIS
Resumo
A tecnologia tem oportunizado uma comunicação global, conectando as pessoas e rompendo as barreiras geográficas; porém, ao mesmo tempo, há um aspecto da tecnologia que pode impactar a vida de alguém com apenas um “clique”. Este trabalho tem como referencial teórico os Estudos de Gênero e os Estudos Culturais, em uma perspectiva pós-estruturalista e objetiva analisar como o corpo, o gênero e a sexualidade têm sido interpelados nas redes sociais, afetando de alguma forma os relacionamentos interpessoais. Para isso, tomamos como base para a discussão, a partir da etnografia de tela, os episódios da primeira temporada da série “A internet arruinou minha vida”, original de 2016 do canal SyFy e exibida pelo Canal E! entre abril e maio de 2018. Os episódios contam histórias reais de pessoas que publicaram posts, tweets ou atualização de status online e acabaram provocando repercussões que transformaram suas vidas em pesadelos. Questiona-se, neste estudo, como a regulação do corpo (BUTLER, 1993), o gênero enquanto construção social (SCOTT, 1995) e a sexualidade como uma linguagem (LOURO, 2016) atravessam a utilização das redes sociais, assim como o que se pode aprender com os exemplos da série, tendo em vista a importância da exploração das regras da “netiqueta” (MADALENA, 2013), a problematização da exposição do eu virtual (SIBILIA, 2016) e os pressupostos das relações de poder (FOUCAULT, 1979) que se instauram na internet. Dessa forma, percebe-se um movimento que defende a necessidade de existirem determinadas regras sociais de comportamento e comunicação na internet, de modo a facilitar o seu uso com mais responsabilidade e segurança. Observa-se ainda a necessidade de uma maior consciência em relação aos conteúdos que são publicados, compartilhados e curtidos nas redes sociais, partindo do princípio que uma vez postado, um número indeterminado e talvez infinito de pessoas possa visualizar e, de forma descontextualizada, estabelecer julgamentos precipitados e equivocados. Seria possível estabelecer uma educação ou pedagogia virtual acerca da atividade online dos sujeitos – principalmente no que diz respeito a corpo, gênero e sexualidade? Quais os embasamentos legais no campo do Direito a fim de que questões como crimes virtuais sejam atualizadas nos códigos penais de todo o mundo?
Palavras-chave: Corpo. Gênero. Sexualidade. Internet. Redes sociais.