IDENTIDADE DE GÊNERO E TRANSEXUALIDADES NA PSICANÁLISE: CONFRONTAÇÃO COM O ENIGMA QUE O OUTRO É

Autores

  • Helena Palavro Basso
  • Caroline Flores Zanin
  • Marina Lagunas
  • Joice Cadore Sonego

Resumo

Em nossa sociedade e cultura, há uma tendência a patologizar as subjetividades que não se inserem nos padrões socialmente construídos. Sendo assim, a sexualidade passou a classificar os indivíduos, fazendo suas práticas sexuais se tornarem identidades subjetivas, e se não houver congruência do sexo biológico do sujeito com o seu gênero, então este fugiria à norma. Logo, determinadas identidades, como as transexualidades, são excluídas e discriminadas pelo medo de que abalem a ordem social, estas identidades como que causando um motim aos estereótipos do ser masculino e feminino. Nesse contexto, para compreender como decorre a constituição do sujeito psíquico, foi realizada uma revisão narrativa da literatura, partindo-se da teoria freudiana até autores da atualidade, sendo que esses últimos confrontam a enorme diferença existente entre o sexo e a identidade. Assim, salientaram que ambas significações são instâncias distintas, porque a última está a nível social e histórico, como uma concepção de gênero, não sendo biologicamente determinado, podendo, desse modo, discordar do sexo anatômico. Espera-se que o presente estudo possa abrir espaço para novas e mais aprofundadas pesquisas acerca do tema, e sempre pelo viés despatologizante, já que artigos e livros mais antigos apresentam preconceitos e incompreensões em sua literatura.

Referências

American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5. ed.). Porto Alegre: Artmed.

Brasil. (2008). Ministério da Saúde. Processo Transexualizador no SUS. Portaria nº 457, de 19 de agosto de 2008.

Bulamah, L. C; & Kupermann, D. (2016). A psicanálise e a clínica de pacientes transexuais. Periodicus, 5(1), 73-85. doi: http://dx.doi.org/10.9771/peri.v1i5.17177

Ceccarelli, P. R. (2017a). Transexualidades. Coleção Clínica Psicanalítica, 3ª edição. São Paulo: Pearson.

Ceccarelli, P. R. (2017b). Transexualidades e mudanças discursivas. Estudos em Psicanálise, 47, 83-90.

Ceccarelli, P. R; & Andrade, E. L. (2018). O sexual, a sexualidade e suas apresentações na atualidade. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., 21(2), 229-250. doi: https://doi.org/10.1590/1415-4714.2018v21n2p229.2

Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento – CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. (1993). Coordenação da Organização Mundial da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas.

Conselho Federal de Psicologia. (2014). Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Cossi, R. K. (2018). Stoller e a psicanálise: Da identidade de gênero ao semblante lacaniano. Estud. psicanal., 49, 31-43.

Freud, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

Freud, S. (1924). A dissolução do complexo de Édipo. In: O Ego e o Id e outros trabalhos. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1996

Freud, S. (1923). O Ego e o Id. In: O Ego e o Id e outros trabalhos. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1996

Freud, S. (1921). Psicologia das massas e análise do Eu. In: Psicologia das Massas e Análise do Eu e Outros Textos. Edição: Obras Completas, vol. XV. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

Lacan, J. (1998). O Estádio do Espelho como formador da função do Eu. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Originalmente publicado em 1949.

Lacan, J. (1985). O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. Originalmente publicado em 1964.

Laplanche, J.; & Pontalis, J. B. (2001). Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

Lattanzio, F. F; & Ribeiro, P. C. (2017). Transexualidade, psicose e feminilidade originária: Entre psicanálise e Teoria Feminista. Psicologia USP, 28(1), 72-82. doi: https://doi.org/10.1590/0103-656420140085

Melo, R. Z. (2016). Quando o Édipo não é o destino: Pensando o fenômeno transexual como possibilidade identificatória e de existência psíquica. Estudos em Psicanálise, 45, 149-166.

Miranda, E. R. (2015). Transexualidade e sexuação: O que pode a psicanálise. Revista Trivium Est. Interd., 1, 52-60. doi: http://dx.doi.org/10.18370/2176-4891.2015v1p52

Solomon, A. (2012). Longe da árvore: Pais, filhos e a busca da identidade. São Paulo: Companhia das Letras.

Stoller, R. (1973). Faits et hypotheses: un examen du concept freudien de bisexualité. Nouvelle Revue de Psychanlyse, 7, p. 138.

Stoller, R. (1975). A experiência transexual. Rio de Janeiro: Imago.

Stoller, R. (1993). Masculinidade e feminilidade: Apresentações de gênero. Porto Alegre: Artes Médicas.

Downloads

Publicado

2020-07-31

Edição

Seção

Artigos