A PERCEPÇÃO DA FAMILIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA NAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Autores

Resumo

A deficiência intelectual é um assunto presente e muito discutido atualmente, tanto no contexto científico, quanto na sociedade. Nesse sentido, o presente artigo trata-se de um estudo qualitativo, de caráter descritivo, que buscou identificar os aspectos que influenciaram a autonomia das pessoas com deficiência intelectual na percepção dos familiares. Participaram dessa pesquisa quatro mães de jovens com deficiência intelectual, sendo utilizados uma entrevista semiestruturada e um questionário sociodemográfico. O estudo foi baseado na análise de conteúdo de Bardin. A partir dos resultados observou-se a influência do trabalho, realização de tarefas e meios eletrônicos como facilitadores de autonomia na percepção das mães. Já os aspectos dificultadores encontrados foram a insegurança destes em relação ao potencial de seus filhos e sua influência na autonomia, como o excesso de cuidados e proteção. Os contextos social e escolar também foram apontados como fatores importantes para a autonomia das pessoas com deficiência. Concluiu-se que a tecnologia, o trabalho, a realização de atividades de vida diária, o contexto social e o escolar são aspectos imprescindíveis para o desenvolvimento da autonomia dessas pessoas, além da influência das mães, que em parte, atuam como dificultadores pela falta de credibilidade na capacidade dos filhos.

Biografia do Autor

Letiara da Silva Vencato, FACCAT

Psicóloga (FACCAT).

Maria Isabel Wendling, Pontifícia Universidade Católica (PUC)

Professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Mestre em Psicologia (PUC), professora colaboradora e supervisora do Centro de Estudos da Família e do Indivíduo (CEFI)

Referências

Abenhaim, E. (2009). Deficiência mental, aprendizagem e desenvolvimento. In Díaz, F., Bordas, M., Galvão, N., Miranda, T. (Orgs.). Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas (237-244). Salvador: EDUFRA.

Alvarez, A. P. E., & Carvalho, M. C. (2006). Novas estratégias no campo da inclusão social: moradia assistida e trabalho assistido. Psicologia para América Latina, (8).

American Psychiatric Association (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. (5ª. ed.). Porto Alegre: Artmed.

Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. São Paulo: Persona Psicologia.

Bastos, O. M., & Deslandes, S. F. (2009). Adolescer com deficiência mental: a ótica dos pais. Ciência & Saúde Coletiva, 14(1), 79-87.

Bissoto, M. L. (2014). Deficiência intelectual e processos de tomada de decisão: estamos enfrentando o desafio de educar para a autonomia? Educação Unisinos, 18(1), 3-12.

Boarini, M. L. (2003). Refletindo sobre uma nova e velha família. Psicologia em Estudo, 8(spe.). 1-2.

Bock, A. M. B., Furtado, O., & Teixeira, M. L. T. (2009). Psicologia do desenvolvimento. In Bock, A. M. B., Furtado, O., & Teixeira, M. L. T. (Orgs.), Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia (116-131). São Paulo: Editora Saraiva.

Borges, C. C., & Magalhães, A. S. (2009). Transição para a vida adulta: autonomia e dependência na família. PSICO, 40(1), 42-49.

Campos, A. M. A família no processo de construção da autonomia da pessoa com deficiência. Monografia de Especialização. Especialização em Terapia de Família. Universidade Cândido Mendes, Instituto a vez do Mestre, Rio de Janeiro, 2006.

Cardoso, D. (2017). Superproteger ou não uma pessoa com deficiência? Retirado em 23 de Outurbo de 2017 do Laboratório de Inclusão: https://laboratoriodeinclusao.wordpress.com

Carvalho, E. N. S. (1997). Adulto com deficiência mental. In Carvalho, E.N.S. (Org.). Programa de capacitação de recursos humanos do ensino fundamental: Deficiência Mental (127-150). Brasília: Secretaria de Educação Especial.

Carvalho, E. N. S. (2002). Inclusão escolar de alunos portadores de deficiência: desafios. In Carvalho, R. A. (Org.). Removendo barreiras para a aprendizagem (85-126). Porto Alegre: Mediação.

Chicon, J. F., & SÁ, M. G. C. S. (2013). A autopercepção de alunos com deficiência intelectual em diferentes espaços-tempos da escola. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, 35(2), 373-388.

Cordeiro, M. P., Scoponi, R. S., Ferreira, S. L., & Vieira, C. M. (2007). Deficiência e teatro: arte e conscientização. Psicologia: Ciência e Profissão, 27(1), 148-155. https://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932007000100012

Dessen, M. A., & Silva, N. L. P. (2000). Deficiência mental e família: uma análise da produção científica. Paidéia (Ribeirão Preto), 10(19), 12-23.

Dias, S. S., & Oliveira, M. C. S. L. (2013). Deficiência intelectual na perspectiva histórico-cultural: contribuições ao estudo do desenvolvimento adulto. Revista Brasileira de Educação Especial, 19(2), 169-182.

Forgiarini, R. R. (2012). A produção da autonomia no sujeito deficiente: contribuições da escola inclusiva. Revista Educação por escrito, 3(2), 51-63.

Ferrari, M. A. L. D., & Sekkel, M. C. (2007). Educação inclusiva no ensino superior: um novo desafio. Psicologia: ciência e profissão, 27(4), 636-647.

Galvão-Filho, T. (2016). Deficiência intelectual e tecnologias no contexto da escola inclusiva. In Gomes, C.(Org.). Discriminação e racismo nas Américas: um problema de justiça, equidade e direitos humanos (305-321). Curitiba: CRV.

Goitein, P. C., & Cia, F. (2011). Interações familiares de crianças com necessidades educacionais especiais: revisão da literatura nacional. Psicologia Escolar e Educacional, 15(1), 43-51.

Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (2010). Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE.

Leonel, W. H. S., & Leonardo, N. S. T. (2014). Concepções de professores da educação especial (APAEs) sobre a aprendizagem e desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual: um estudo a partir da teoria vigotskiana. Revista Brasileira de Educação Especial, 20(4), 541-554.

Mantoan, M. T. E. (1989a). Repensando a deficiência à luz de novos pressupostos. In Mantoan, M. T. E (Org.). Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais (11-14). Porto Alegre: Scipione.

Mantoan, M. T. E. (1989b). O nascimento e os primeiros tempos de uma escola para deficientes mentais. In Mantoan, M. T. E (Org.). Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais (15-38). Porto Alegre: Scipione.

Mcgoldrick, M. (2008). As mulheres e o ciclo de vida familiar. In Carter, B., & Mcgoldrick, M. (Orgs.). As mudanças no ciclo de vida familiar uma estrutura para a terapia familiar (30-64). Porto Alegre: Editora Artmed.

Mendes, M. V. S., Cavalcante, S. A., Oliveira, E. F., Pinto, D. M. R., Barbosa, T. S. M., & Camargo, C. L. (2015). Crianças com retardo do desenvolvimento neuropsicomotor: musicoterapia promovendo qualidade de vida. Revista Brasileira de Enfermagem, 68(5), 797-802. https://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680505i

Neves, A. P. (2011). O aluno com necessidades educacionais especiais numa escola técnica: limitações, desafios e possibilidades. Monografia de Especialização. Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar. Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Oliveira, I. G., & Poletto, M. (2015). Vivências emocionais de mães e pais de filhos com deficiência. Revista da SPAGESP, 16(2), 102-119.

Organização Mundial de Saúde (1993). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas (220-226). Porto Alegre: Artmed.

Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2007). Inclusão digital e social de pessoas com deficiência. Brasília: UNESCO. Recuperado em 22 de Outubro de 2017, de <http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001600/160012por.pdf>

Othero, M. B., & Ayres, J. R. C. M. (2012). Necessidades de saúde da pessoa com deficiência: a perspectiva dos sujeitos por meio de histórias de vida. Interface (Botucatu), 16(40), 219-234.

Pedro, K. M., & Chacon, M. C. M. (2013). Softwares educativos para alunos com Deficiência Intelectual: estratégias utilizadas. Revista Brasileira de Educação Especial, 19(2), 195-210.

Pereira, J. R. T. (2009). Aplicação do questionário de qualidade de vida em pessoas com deficiência intelectual. Psicologia em pesquisa, 3(1), 59-74.

Petean, E. B. L., & Neto, J. M. P. (1998). Investigações em aconselhamento genético: impacto da primeira notícia - a reação dos pais à deficiência. Revista Medicina, Ribeirão Preto, 31(2), p. 288-295.

Pfanner, P., & Marcheschi, M. (2008). Retardo Mental: Uma deficiência a ser compreendida e tratada. São Paulo: Paulinas.

Prado, A. F. A. (2013). Família e deficiência. In Cerveny, C. M. O (Org.). Família e... Comunicação, Divórcio, Mudança, Resiliência, Deficiência, Lei, Bioética, Doença, Religião e Drogadição (85-98). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Rabêllo, R. S. (2009). A formação continuada do professor de arte na perspectiva de uma educação inclusiva. In Díaz, F. et al. (Orgs.). Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas (347-355). Salvador: EDUFRA.

Redig, A.G., & GLAT, R. (2017). Programa educacional especializado para capacitação e inclusão no trabalho de pessoas com deficiência intelectual. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 25 (95), 330-355.

Rocha, E. F., & Munguba, M. (2014). Grupo de trabalho 5: terapia ocupacional e pessoas com deficiência: desafios da contemporaneidade na constituição de saberes e práticas. Cadernos de Terapia Ocupacional, 22(2), 355-365.

Rossato, S. P. M, & Leonardo, N. S. T. (2011). A deficiência intelectual na concepção de educadores da Educação Especial: contribuições da psicologia histórico cultural. Revista Brasileira de Educação Especial, 17(1), 71-86.

Santos, D. C. O. (2012). Potenciais dificuldades e facilidades na educação de alunos com deficiência intelectual. Educação e Pesquisa, 38(4), 935-948.

Sassaki, R. K. (2008). Vida independente e inclusão na comunidade. In RESENDE, A. P. C., VITAL, F. M. P. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada (72-75). Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.

Saviani-Zeoti, F., & Petean, E. B. L. (2008). A qualidade de vida de pessoas com deficiência mental leve. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(3), 305-311.

Silva, N. L. P., & Dessen, M. A. Deficiência mental e família: implicações para o desenvolvimento da criança. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 17(2), 133-141.

Silva, N. L. P. (2004). O que significa ter uma criança com deficiência mental na família? Educar em Revista, (23), 161-183.

Souza, L. G. A., & Boemer, M. R. (2003). O ser-com o filho com deficiência mental: alguns desvelamentos. Paidéia (Ribeirão Preto), 13(26), 209-219.

Tédde, S. (2012). Crianças com deficiência intelectual: a aprendizagem e a inclusão. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Educação, Centro Universitário Salesiano de São Paulo, UNISAL, Brasil.

Downloads

Publicado

2021-08-20

Edição

Seção

Artigos