A continuidade do modo de vida camponês analisado sob a ótica dos signos do moderno e do não moderno e seu papel na permanência de moradores no meio rural: estudo da comunidade rural de Linha Acre – Cândido Godói (RS)

Autores

  • Rejane Inês Kieling

DOI:

https://doi.org/10.26767/1198

Resumo

O processo de modernização da agricultura vem sendo responsável por profundas transformações em comunidades rurais, como a comunidade de Linha Acre, comunidades que vivenciam um esvaziamento populacional uma vez que a terra passa a ser esteira de produção em escala. Tal cenário instiga pesquisas voltadas ao desenvolvimento rural devido à urgência de encontrar-se alternativas que viabilizem a continuidade dessas comunidades. Nesse sentido, o presente artigo norteia-se pela busca de elementos que sinalizem certo enraizamento dos atores à localidade, como uma forma de trazer novos olhares sobre seu entorno e compreensão de si mesmos. O olhar sugerido neste estudo se dá pela observação da presença de signos do moderno e do não moderno, que, ao se mesclarem, trazem novos significados e interpretações sobre o rural. Para alcançar tal intento, buscou-se literatura direcionada ao entendimento do moderno naquilo que ele rejeita, como as campesinidades presentes na memória do cotidiano, que são os signos do não moderno, o que comunga com vertentes que procuram compreender as relações do urbano e do rural na atualidade. Durante o período de convívio na comunidade pesquisada, foram ouvidos relatos orais que demostram, por meio da comida, das tradições e dos costumes, como estes indivíduos vêm inserindo os signos do moderno ao mesmo tempo que mantêm a memória dos antepassados.

Referências

BAGLI, Priscila. Rural e urbano: harmonia e conflito na cadência da contradição. In: SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão; WHITACKER, Arthur Magon (Orgs.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural, v. 1, p. 81-109, 2013.

BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2013.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Tempos e espaços nos mundos rurais do Brasil. RURIS, v. 1, n.1, março de 2007. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/310076/mod_resource/content/0/Brand%C3%A3o_Carlos.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2015.

BRANDEMBURG, Alfio. Do rural tradicional ao rural socioambiental. Ambiente & Sociedade, Campinas. V. XIII, n. 2, jul./dez. 2010, p. 417-428. Disponível em: <https://core.ac.uk/download/pdf/18337780.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2015.

ETGES, Virginia Elisabeta; DEGRANDI, José Odim. Desenvolvimento regional: a diversidade regional como potencialidade. RBDR, Blumenau, v. 1, n. 1, p. 85-94, 2013.

FRIEDRICH, Fabiana Helma. Gastronomia e imigração alemã na região central do Rio Grande do Sul: colônia de Santo Ângelo (segunda metade do século XIX). 2015. 152f. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em História) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.

GERMANY TRAVEL. A tradição alemã da Páscoa. 2012. Disponível em: <https://www.germany.travel/media/content/presse/br/2012_6/PR_A_Tradio_Alem_da_Ps

coa.pdf>. Acesso em: 16 set.2017.

HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Lamparina, 2014. LANDO, Aldair Marli; BARROS, Eliane Cruxên. A colonização alemã no Rio Grande do Sul: uma interpretação sociológica. Porto Alegre: Movimento/IEL, 1976.

MARTINS, José de Souza. A sociabilidade do homem simples: cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo: Contexto, 2012.

MENASCHE, Renata. Campo e cidade, comida e imaginário: percepções do rural à mesa. RURIS-Revista do Centro de Estudos Rurais-UNICAMP, v. 3, n. 2, 2009.

NETO, Helena Brum. Regiões culturais: a construção de identidades culturais no Rio Grande do Sul e sua manifestação na paisagem gaúcha. 328f. Dissertação de Mestrado (Programa dePós-Graduação em Geografia e Geociências) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2007.

RAMOS, A. D. A formação histórica dos municípios da Região das Missões do Brasil. Santo Ângelo: Instituto Andaluz del Patrimonio Historico, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Patrimônio Nacional, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, 2006.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço - técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil Território e Sociedade no início do século XXI. 17. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Memória coletiva, trauma e cultura: um debate. Revista USP, n. 98, p. 51-68, 2013.

SANTOS, Rosselvelt José; KINN, Marli Graniel. Festas: Tradições reinventadas nos espaços rurais dos cerrados de Minas Gerais. Espaço e Cultura. UERJ, Rio de Janeiro, n. 26, p. 58-71, jul./dez. de 2009. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura/article/view/3555>. Acesso em: 4 maio 2016.

SILVEIRA, María Laura. Novos aconteceres, novas territorialidades. In: DIAS, Leila Christina;

FERRARI, Maristela (Orgs). Territorialidades Humanas e Redes Sociais. 2. Florianópolis:Insular, 2013. p. 39-62.

SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. A questão cidade-campo: perspectivas a parir da cidade. In: SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão; WHITACKER, Arthur Magon (Orgs.). Cidade e campo: relações e contradições entre urbano e rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006. p. 111-130.

THOMPSON, Edward Palmer. Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

WANDERLEY. Maria de Nazareth Baudel. O Mundo Rural como um espaço de vida: reflexões sobre a propriedade da terra, agricultura familiar e ruralidade. Porto Alegre: UFRGS, 2009.

WOORTMANN, Ellen F. A comida como linguagem. Habitus, v. 11, n. 1, p. 5-17, 2013. Disponível em: <http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/habitus/article/view/2844>. Acesso em: 22 mar. 2017.

WOORTMANN, K. Com parente não se ‘neguceia’. O campesinato como ordem moral. Anuário antropológico/87. Brasília: UnB, 1990.

Downloads

Publicado

2018-12-30

Edição

Seção

Artigos